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Entenda como funciona o mercado de trabalho para PCD
A existência humana é repleta de diversidade, pois ninguém é igual ao outro. Vemos uma prova dessa realidade no ambiente corporativo que abriga muitas pessoas com deficiência (PCDs).
A existência humana é repleta de diversidade, pois ninguém é igual ao outro. Vemos uma prova dessa realidade no ambiente corporativo que abriga muitas pessoas com deficiência (PCDs).
De acordo com uma pesquisa recente sobre o mercado de trabalho para PCD, 403.255 trabalhadores desse grupo estão empregados. Parece um número expressivo, mas é apenas 1% do total de pessoas deficientes no Brasil.
Diante desse cenário, notamos que muitas PCDs vivem à margem do mercado de trabalho. Mas quais são os desafios encontrados por esse grupo de profissionais? Como as empresas os encaram? O que a legislação fala sobre o trabalho para PCD? Leia nosso artigo e descubra!
O que diz a lei para PCD?
Há quase 28 anos, o governo federal aprovou a legislação 8.213/91, também conhecida como a “Lei das Cotas”, que foi um avanço para a inserção de profissionais PCDs competentes no mercado de trabalho. Antes, eles eram tratados como pessoas sem capacidade de exercer funções ou cargos de responsabilidade nas organizações.
Vinte e quatro anos mais tarde, a então Presidenta da República deu outro grande passo em favor das PCDs por meio da Lei 13.146/05, que é chamada de Estatuto da Pessoa com Deficiência. Com essa legislação, as PCDs tiveram a sua condição de igualdade de direitos assegurada. Em outras palavras, eles poderiam competir de igual para igual por uma vaga de emprego com os profissionais sem deficiência.
Para isso, iniciou-se uma cobrança maior sobre as empresas para que ofereçam condições de acessibilidade e capacitação de gestores, visando a admissão das PCDs. Dessa forma, esses profissionais contribuiriam para os serviços da empresa da mesma maneira que os de condições normais de saúde, ou seja, com autonomia, dignidade e o respeito da empresa.
Contudo, para garantir a obediência dos empresários, a lei estipulou que as organizações com mais de 100 funcionários deveriam preencher as vagas respeitando uma porcentagem reservada para os deficientes. Por exemplo, em quadros de até 200 colaboradores, pelo menos 2% devem ser ocupados por PCDs.
Quais são os desafios encontrados por esses profissionais?
Não há dúvidas de que as legislações que protegem os direitos das pessoas com deficiência são a base para a construção de uma sociedade igualitária. Contudo, infelizmente, esse “espírito” por detrás da lei não se estabeleceu na identidade de algumas corporações.
O que muitas PCDs percebem é que as organizações os contratam apenas para cumprir a Lei das Cotas, e não porque enxergam valor nas qualificações deles. Por isso, alguns deficientes recebem propostas de trabalho que não têm nada a ver com o seu perfil, revelando a tendência de somente preencher as vagas reservadas.
Mesmo quando as PCDs são contratadas para um setor compatível com as suas competências e experiências, dificilmente prestam serviços gerenciais. Além disso, a evolução na carreira é mais lenta do que a dos colaboradores que não têm as restrições impostas pela deficiência.
Como argumento para não ultrapassar a margem estimulada pela legislação, os empresários dizem que faltam PCDs qualificadas para os postos de trabalho. No entanto, nota-se o inverso. Muitas vezes, as empresas carecem de preparo tanto na qualificação dos gestores para lidar com as PCDs, quanto na estrutura física voltada para a acessibilidade.
Por que as empresas contratam pessoas com deficiência?
Na contramão da ausência de estrutura de algumas empresas, existem outras que favorecem o mercado de trabalho para PCDs. Tudo começa pelo treinamento dos profissionais e gestores da área de recrutamento e seleção para identificar os candidatos com deficiência que podem agregar as suas competências às estratégias da empresa.
Em alguns casos, as PCDs necessitam de um treinamento mais imersivo e personalizado do que os outros colaboradores. Entretanto, a produtividade da PCD pode ser igual ou até superior. Além disso, ter uma pessoa com deficiência no quadro de funcionários pode aumentar o engajamento e a motivação da equipe.
Por isso, muitas instituições implantaram um programa de inserção de PCDs na sua política interna. Esses profissionais são provas vivas da capacidade de superação do ser humano e mostram isso no desempenho das suas funções. Para os outros funcionários, ver as PCDs trabalharem é como uma “injeção de ânimo” para realizar com entusiasmo as suas tarefas na empresa.
Outra característica percebida nos profissionais com deficiência é o comprometimento com os resultados do seu trabalho. Notando isso, as organizações não hesitam em incluí-los no plano interno de carreira, lhes possibilitando o alcance de posições de liderança. O segredo para esse desenvolvimento é a avaliação do desempenho, e não da deficiência.
É claro que haverá funções incompatíveis com as limitações da PCD, mas os cargos que podem exercer de forma plena lhes serão disponibilizados. Felizmente, como já dito, há muitas empresas que prezam pela diversidade e igualdade entre o seu capital humano.
Por isso, conseguem identificar verdadeiros talentos que fazem a diferença no mundo corporativo. A título de comparação, essas organizações agem como a professora Anne Sullivan, que ajudou a sua aluna Helen Keller, com deficiência auditiva e visual, a alcançar um bacharelado. Além disso, Helen tornou-se uma escritora, filósofa e conferencista famosa.
Essa história real, que virou o filme O milagre de Anne Sullivan, é o reflexo da capacidade das PCDs de crescerem como profissionais. Para isso, é necessário que oportunidades lhes sejam oferecidas.
O que uma PCD precisa fazer para conseguir um emprego?
Para conseguir uma boa vaga de emprego, as pessoas com deficiência precisam buscar qualificação profissional. Embora os desafios sejam grandes, existem muitas instituições de ensino que oferecem acessibilidade e outros recursos que facilitam o ingresso das PCDs no universo acadêmico.
Atualmente, as PCDs podem fazer um curso de graduação, especialização e doutorado em diversas áreas. Até mesmo a tecnologia fornece ferramentas virtuais que auxiliam os estudos dos deficientes, como o software que verbaliza as informações na tela do computador e permite a navegação por meio da voz.
Outra possibilidade eficiente é o ensino a distância (EAD), que favorece aqueles que têm uma grande dificuldade de locomoção. As aulas são lecionadas online, e o material é todo disponibilizado eletronicamente.
Há algum tempo, o governo federal criou a Rede Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia Assistida para o desenvolvimento de produtos e equipamentos que melhorem a vida das PCDs. Entre eles, estão as ferramentas voltadas para a educação acadêmica.
Aos poucos, é possível notar uma mudança na maneira como o mercado de trabalho olha para as PCDs. No entanto, há ainda um longo caminho pela frente. Até que a sociedade tenha consciência do valor da diversidade, é fundamental que as PCDs conheçam os seus direitos e deveres, para que consigam conquistar o seu espaço no mundo corporativo.