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Cuidados na hora de aplicar seu dinheiro

Educador Financeiro Raul Sena apresenta os perigos de cinco setores importantes do mercado

Montar uma carteira de investimentos e conseguir bons resultados exige tempo e dedicação para conhecer as empresas e o mercado no qual estão inseridas. Para facilitar a tomada de decisão do investidor, Raul Sena, fundador da escola de investimentos AUVP e do Investidor Sardinha, avalia os riscos embutidos em cinco setores da economia.

O setor de aviação civil é o primeiro da lista e, na opinião do especialista, deve ser evitado por diversos fatores, como a ingerência de órgãos reguladores, a exposição ao câmbio e as oscilações no preço do combustível. “As companhias aéreas não conseguem controlar nada, nem os preços das passagens, nem o quanto cobram por despacho de bagagem e pelo valor que pagam pelo uso dos aeroportos”, comenta o especialista. “Por isso, dificilmente essas empresas são financeiramente saudáveis”, acrescenta.

Outro setor considerado de alto risco é o da construção civil. Mesmo tendo algumas empresas lucrativas há muitos anos, este setor é muito dependente de uma economia forte, com mais previsibilidade no crédito e juros menores. “São coisas que comumente não temos no Brasil. Aqui até o passado às vezes é incerto, e isso prejudica muito as construtoras, que precisam de um mercado mais estável para prosperarem. Os custos altos e a dependência do crédito afetam muito este tipo de negócio no Brasil”, avalia Sena.

Em outra ponta, igualmente complexa, estão as empresas de turismo. Independente do tamanho dessas companhias, todas enfrentam os mesmos problemas: sazonalidade, competição severa por preços, dependência de terceiros (parcerias), cancelamentos, disputas com programas de milhagem cada vez mais agressivos. “Tudo isso faz do turismo um setor instável que, no longo prazo, não consegue apresentar lucros consistentes, que são a base da carteira de ações de um bom investidor”, resume o educador financeiro.

O quarto setor complicado para o investidor é o varejo, em especial o de lojas físicas, que precisa manter grandes estoques e uma estrutura pesada de operações e logística. Nas vendas online, a competição é extremamente acirrada e alguns problemas se repetem. “Este é um setor que funciona basicamente na importação e as empresas compram em dólar. Na hora de vender acabam tendo que dar crédito para o comprador. Ou seja, você paga o fornecedor à vista e em dólar e recebe em real e em longas parcelas. Isso compromete demais o fluxo de caixa dessas empresas”, afirma Sena.

“O resultado é que quase todas as empresas do varejo vivem endividadas e isso causa outro problema: a antecipação de crédito para manter as operações e renovar os estoques, o que reduz ainda mais a margem de lucro”, finaliza.

Por fim, o investidor também precisa redobrar o cuidado na hora de investir nas chamadas empresas estatais. São aquelas controladas ou que sofrem grande influência dos governos estaduais ou da União. Apesar da qualidade de algumas empresas maiores, como a Petrobras, sempre existe um risco adicional quando se mistura negócios e política.

“Nesse tipo de companhia, embora os acionistas também sejam donos, as decisões mais relevantes sempre vão ser tomadas levando em conta os interesses do governo de plantão”, alerta Raul Sena. “Isso sem falar no apadrinhamento político e no loteamento de cargos, que infelizmente geram grandes escândalos de corrupção e destroem a empresa por dentro”. A dica aqui, é investir um percentual mínimo da carteira, caso o investidor entenda que os riscos valem a pena.

*O conteúdo dos artigos são de responsabilidade do autor ou sua assessoria de imprensa e não representam necessariamente a opinião da Icnex.

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